MUSEU do CALÇADO
Em Portugal, a ilustração de moda é uma área bastante recente e raramente reconhecida institucionalmente no campo da ilustração e das galerias de arte. Apesar deste cenário, não restam dúvidas sobre a importância do nome de António Soares no panorama da ilustração de moda em Portugal e a sua assinatura simples, a lápis, é facilmente identificável: “António”.
Formado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto percebeu ainda jovem que o desenho seria a base de todo o seu processo criativo. É quando integra a equipa do CITEX – Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, que inicia o seu percurso na ilustração de moda.
António começou a assistir aos desfiles da Moda Lisboa e do Portugal Fashion e foi nas lojas do Porto que teve contato direto com o trabalho de designers portugueses. Ilustrou criações de autores nacionais como Alexandra Moura, Luís Buchinho, Nuno Baltazar, Nuno Gama e Luís Onofre e a joalharia de Carolina Curado. Trabalhou diretamente com grandes marcas internacionais como Chanel, Fendi e Karl Lagerfeld. Fez retratos de personalidades da música, ilustrou coordenados e acessórios de moda, cosmética, joalharia, perfumaria, relógios e outros produtos de luxo para a imprensa internacional.
António encontra inspiração no cinema e nas artes de palco, sobretudo na dança, mas também nas obras de arte que descobre na visita a museus. No momento exato de criar, a música é a sua companhia e cada um dos seus traços e pinceladas são induzidos por ela.
Se pudéssemos, invisíveis, espreitar António enquanto trabalha ficaríamos inebriados com o ritmo suave e a pincelada precisa. Um movimento de sedução que nos aprisiona numa teia colorida e nos faz entrar num “hortus conclusos”, onde ansiaríamos ficar para sempre. À maneira da Arte Nova as suas composições parecem procurar a beleza eterna no mundo natural. As suas peças estão repletas de referências históricas como a porcelana, as naturezas mortas ou os elementos arquitetónicos e escultórios da antiguidade clássica. Há um romantismo subjacente a todo o seu trabalho.
No ano em que se comemoram os 50 anos da Revolução do 25 de abril de 1974, o Museu do Calçado junta-se à marcha e celebra o momento mais marcante da história portuguesa do século XX.
A Marcha de Abril conta uma versão da Revolução dos Cravos vista por dentro. Junto ao calçado estão as histórias e as palavras daqueles que marcaram o horizonte revolucionário do Portugal da Liberdade. Esta exposição é mais uma homenagem aos que marcharam e marcham... e escrevem... e cantam... e representam... e sonham a Liberdade, para sempre.